quinta-feira, 24 de abril de 2014

Lenora de Barros

LENORA DE BARROS
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Poema_1978_modelo


Biografia: (São Paulo / SP, 1953) Formada em linguística pela Universidade de São Paulo. Poeta e artista visual, seu trabalho se desenvolve a partir de diversas linguagens, como o vídeo, a performance poética, a fotografia e a instalação. Participou como artista-curadora da Radiovisual, na 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, RS), 2009. Expôs em diversas coletivas, dentre as quais destacam-se a Bienal de Cerveira (Portugal), 2013; Bienal de Thessaloniki (Grécia), 2013; 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (São Paulo, SP), 2013; Para (Saber) Escutar, na Casa Daros Latinoamerica (Rio de Janeiro, RJ), 2013;  Circuitos Cruzados: O Centro Pompidou encontra o MAM, Museu de Arte Moderna (São Paulo), 2013; III Mostra do Programa de Exposições 2012, Centro Cultural São Paulo, 2012; e 11ª Bienal de Lyon (França), 2011. Dentre as individuais recentes, destacam-se as apresentadas na Casa de Cultura Laura Alvim (Rio de Janeiro), 2013, e na Galeria Millan (São Paulo), 2011. Sua obra faz parte de coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior, tais como: Museu d’Art Contemporani (Barcelona, Espanha), Daros Latinamerica (Suíça e Brasil) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (Brasil).
Entrevista com Lenora de Barros – transcrição
Eu comecei como poeta, mas já era uma poesia mais focada a partir da poesia visual. Quer dizer, já era uma poesia que tinha essa particularidade de reunir palavra e imagem.filha do artista Geraldo de Barros, cresceu no seio da poesia concreta

A partir também um pouco dessa experiência com a poesia concreta… a poesia concreta tem uma expressão, que eu adoro e que pra mim sempre foi uma espécie de norte, que é uma expressão do James Joyce, que é o aspecto verbi-voco-visual da linguagem.

Então eu passei a explorar, tentar explorar a linguagem, de todos os ângulos: do ângulo visual, do ângulo sonoro, os aspectos sonoros, os aspectos visuais, aliado a essa vocação que eu tenho, esse prazer até, de trabalhar com a voz, explorar a sonoridade de palavra, performances vocais mesmo.

Eu escrevi um texto na sola dos meus pés, e filmei uma espécie de performance, quase uma dança, em câmera lenta, filmada por baixo, onde você via esse texto se desenvolvendo.imaginação

Agora o foco recente, por exemplo, eu ando muito empolgada com o som. E a idéia, o que está me fascinando nesse trabalho que eu to levando à frente, a idéia é justamente, a través do som impulsionar a imaginação do outro.o desafio de trabalhar o som na sociedade das imagens

Gozado, eu acabei de me lembrar de uma história que eu vivi, eu até conto isso num texto que eu escrevi: na abertura da Bienal de Veneza. E foi engraçado por que eu entrei no pavilhão, e eu optei nessa viagem que eu fiz, propositalmente, gravar momentos dessa viagem e eu fiz uma espécie de uma “colheita sonora”, que eu chamei.

E nesse momento, por exemplo, que tava no pavilhão americano e liguei no celular o gravador, daí veio imediatamente uma garota, monitora.
E dai ela disse: “Não! Não! Não pode filmar! De jeito nenhum!”, ela achou que eu tava filmendo. Daí eu falei: “Mas eu não to filmando, eu to gravando!”
Daí a menina parou assim, na mesma hora, ficou me olhando. Levou um susto assim, deu um branco.

Naquele momento caiu a ficha, eu tive uma espécie de um insight. Na verdade o som ele é até subestimado num certo sentido, enquanto que ele tem um potencial, que eu acho que pode ser tremendamente explorado.

Foto: Maycon LimaTexto: Galeria Millan
Referências:
Na década de 1990, Lenora de Barros assinou durante três anos uma coluna no “Jornal da Tarde”, de São Paulo. O espaço era livre e bastante experimental (principalmente para um periódico), com construções visuais através de fotos e poesias. Nesse “laboratório”, muitas contribuições ainda dialogavam com trabalhos de outros artistas como Lygia Clark, Cindy Sherman e Méret Oppenheim. Parte delas, posteriormente, viraram obras ou deram ideias para vídeos e performances. Em 2011, trezes dessas colunas foram exibidas em uma vitrine na Bienal de Lyon. Hoje, esse material já está reunido em um livro, ainda não editado, batizado de “Jogo de Damas - Crítica de Arte – Livro Primeiro". A partir da noite de hoje, o público carioca vai poder conhecer 65 dessas colunas, do acervo pessoal da artista, na individual “Umas e Outras”, que será inaugurada na Galeria Laura Alvim. A mostra também apresenta dois vídeos inéditos em preto e branco, intitulados “Jogo de Damas” e “Em si as mesmas”, e uma intervenção sonora, “Duplicar Imagens”. Segundo a curadora Glória Ferreira, esta individual “cria uma situação em que a artista se desdobra em lenoras, jogando em múltiplas posições, transitando em várias ‘elas’.”
No vídeo intitulado “Jogo de Damas”, o livro de mesmo título serve de roteiro de leitura para performances vocais realizadas por Lenorapela artista e foi concebido em formato de tríptico para projeção simultânea em três paredes. Já “Em si as Mesmas” tem seu título pinçado de uma coluna onde a artista comenta uma fotografia de 1925, de autor desconhecido, das irmãs siamesas Hilton. Nele Lenora joga damas consigo própria, em uma espécie de “jogo infinito, sem ganhador nem perdedor”, explica.
Voltada para a rua, em frente à Galeria Laura Alvim, está a intervenção sonora “Duplicar Imagens”, em que se ouve a artista oralizar, com voz infantil, a frase “Duplicar imagens é multiplicar ou dividir ideias?”, que se repete em looping, assim como os vídeos mencionados acima. O texto dessa performance vocal também nasce de uma coluna de 1994, a partir de um autorretrato de Magritte.
A exposição “Umas e Outras” está aberta ao público até 27 de outubro, de terça a domingo, das 13 às 21h, com entrada gratuita. A Galeria Laura Alvim fica na Av. Vieira Souto 176, Ipanema.

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